Fitossociologia de caatinga arbórea aberta de elevada área basal em núcleo de desertificação do Seridó

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1983-21252023v36n313rc

Palavras-chave:

Floresta seca. Florestas tropicais sazonalmente secas. Semiárido. Solo Quartzarênico. Árvores velhas.

Resumo

A região do Seridó é uma das mais áridas do bioma caatinga, região Nordeste do Brasil, sendo afetada por uma longa história de impacto antrópico, e hoje considerada um núcleo de desertificação. Realizamos um levantamento fitossociológico das espécies arbustivo-arbóreas de uma área ainda com um componente arbóreo significativo, apesar de ainda ser utilizada para criação extensiva de gado, Fazenda Morada das Jandaíras (FMJ), e comparamos com dados de outros inventários realizados na região. Foram registradas 17 espécies pertencentes a 10 famílias botânicas, sendo Fabaceae e Euphorbiaceae as mais diversificadas. Commiphora leptophloeos e Croton blanchetianus se destacaram como as espécies de maiores valores de importância. A alta similaridade na composição florística entre os seis estudos comparados foi interpretada como indicador de que as diferentes fitofisionomias podem ser resultado de ação antrópica e processos de regeneração. A relativamente elevada Dominância Basal na FMJ, da ordem de 26,8 m2 ha-1, se destaca mesmo considerando inventários realizados em toda a região de caatinga, sendo em grande parte devida à presença de muitas árvores de grande porte de C. leptophloeos. Considerações sobre a importância ecológica de árvores grandes e antigas são feitas, com recomendações para a metodologia de inventários fitossociológicos.

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Publicado

18-07-2023

Edição

Seção

Ciências Florestais