Sobrevivência e crescimento de mudas de árvores plantadas e estabelecimento natural em uma área de caatinga degradada
DOI:
https://doi.org/10.1590/1983-21252024v3711788rcPalavras-chave:
Floresta tropical seca. Recuperação de área. Plantio de mudas.Resumo
A região semiárida do nordeste do Brasil é caracterizada pela floresta tropical Caatinga adaptada a déficit hídrico anual de 7-a-8 meses. As atividades humanas degradam o ambiente pela remoção das árvores e exposição do solo aos agentes erosivos; porém o plantio de árvores nativas, tais como Mimosa tenuiflora e Cnidoscolus quercifolius, pode acelerar a recuperação ambiental. A recuperação arbórea de uma área degradada foi avaliada considerando 14 anos sem pastejo (de 2005 a 2019), o plantio de M. tenuiflora (2005 e 2009) e C. quercifolius (2007 e 2009), e a regeneração natural. Foram coletados dados de sobrevivência, altura e diâmetro das mudas plantadas, e a quantidade, espécie, altura e diâmetro dos regenerantes. A ausência do pastejo permitiu o estabelecimento de, respectivamente, 50,5% e 44,6% das 204 M. tenuiflora e das 204 de C. quercifolius, com médias altura de 395 e 355 cm, e de diâmetro basal de 92 e 76 mm. Foram observados 190 e sete regenerantes de M. tenuiflora e C. quercifolius, com média de 95 cm e 139 cm de altura, e de 10 mm e 26 mm de diâmetro basal. Foi observado um regenerante de Cenostigma pyramidale, com altura de 175 cm e diâmetro basal de 36 mm. Isto mostrou o efeito positivo do plantio de mudas na cobertura arbórea comparada ao cenário ainda observado na área adjacente pastejada continuamente, mas a recuperação completa, especialmente quanto à diversidade da comunidade arbórea, precisa de mais do que 14 anos sem pastejo, plantio de mudas e regeneração natural.
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