Sobrevivência e crescimento de mudas de árvores plantadas e estabelecimento natural em uma área de caatinga degradada

Autores

  • Samara Paulo dos Santos Fernandes Forestry Academic Unit/ Rural Health and Technology Center, Universidade Federal de Campina Grande, Patos, PB, Brazil https://orcid.org/0000-0002-3920-8621
  • Ivonete Alves Bakke Forestry Academic Unit/ Rural Health and Technology Center, Universidade Federal de Campina Grande, Patos, PB, Brazil https://orcid.org/0000-0002-6015-6977
  • Olaf Andreas Bakke Forestry Academic Unit/ Rural Health and Technology Center, Universidade Federal de Campina Grande, Patos, PB, Brazil https://orcid.org/0000-0003-2324-0165
  • Kyegla Beatriz da Silva Martins Department of Agricultural Engineering and Soils, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitoria da Conquista, BA, Brazil https://orcid.org/0000-0002-3261-1389

DOI:

https://doi.org/10.1590/1983-21252024v3711788rc

Palavras-chave:

Floresta tropical seca. Recuperação de área. Plantio de mudas.

Resumo

A região semiárida do nordeste do Brasil é caracterizada pela floresta tropical Caatinga adaptada a déficit hídrico anual de 7-a-8 meses. As atividades humanas degradam o ambiente pela remoção das árvores e exposição do solo aos agentes erosivos; porém o plantio de árvores nativas, tais como Mimosa tenuiflora e Cnidoscolus quercifolius, pode acelerar a recuperação ambiental. A recuperação arbórea de uma área degradada foi avaliada considerando 14 anos sem pastejo (de 2005 a 2019), o plantio de M. tenuiflora (2005 e 2009) e C. quercifolius (2007 e 2009), e a regeneração natural. Foram coletados dados de sobrevivência, altura e diâmetro das mudas plantadas, e a quantidade, espécie, altura e diâmetro dos regenerantes. A ausência do pastejo permitiu o estabelecimento de, respectivamente, 50,5% e 44,6% das 204 M. tenuiflora e das 204 de C. quercifolius, com médias altura de 395 e 355 cm, e de diâmetro basal de 92 e 76 mm. Foram observados 190 e sete regenerantes de M. tenuiflora e C. quercifolius, com média de 95 cm e 139 cm de altura, e de 10 mm e 26 mm de diâmetro basal. Foi observado um regenerante de Cenostigma pyramidale, com altura de 175 cm e diâmetro basal de 36 mm. Isto mostrou o efeito positivo do plantio de mudas na cobertura arbórea comparada ao cenário ainda observado na área adjacente pastejada continuamente, mas a recuperação completa, especialmente quanto à diversidade da comunidade arbórea, precisa de mais do que 14 anos sem pastejo, plantio de mudas e regeneração natural.

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Publicado

28-02-2024

Edição

Seção

Artigo Científico