SELEÇÃO DE ESPÉCIES ARBÓREAS PARA REVEGETAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR MINERAÇÃO DE PIÇARRA NA CAATINGA

Autores

  • Khadidja Dantas Rocha de Lima
  • Guilherme Montandon Chaer
  • Janaina Ribeiro Costa Rows
  • Vander Mendonça
  • Alexander Silva de Resende

Palavras-chave:

Degradação do solo. Fixação biológica de nitrogênio. Leguminosas arbóreas. Áreas de mineração. Recuperação de áreas degradadas.

Resumo

A piçarra, material de subsolo formado por silte, areia e cascalho, é comumente usada na construção civil e atividades ligadas à produção de petróleo em terra no bioma Caatinga. A revegetação das jazidas de piçarra com exploração finalizada é obrigatória e normalmente demanda o plantio de árvores de espécies nativas. No entanto, há pouca informação sobre espécies arbóreas capazes de se desenvolver nesses ambientes degradados. Este trabalho avalia o desenvolvimento inicial e a sobrevivência de 20 espécies arbóreas, incluindo espécies nativas e exóticas, e espécies nodulantes e não-nodulantes, plantadas em cinco jazidas de extração de piçarra distribuídas em três municípios do Rio Grande do Norte (RN). O experimento foi delineado em blocos com parcelas subdivididas onde se comparou 10 espécies nodulantes em relação a outras 10 não-nodulantes em áreas com e sem aplicação de solo superficial (camada de 20 cm) e/ou de esterco bovino na cova de plantio (2 L/cova). Foram realizadas avaliações biométricas ao final das estações seca e chuvosa (fevereiro de 2008 a fevereiro de 2010) até aos 660 dias após o plantio. A adição de solo superficial reduziu a sobrevivência das árvores, especialmente das espécies não-nodulantes. Ao contrário, a adição de esterco favoreceu o crescimento das árvores. As espécies nodulantes superaram as demais quanto à taxa de sobrevivência, altura total, diâmetro da base e taxa de crescimento. As espécies nativas que obtiveram o melhor desenvolvimento no substrato foram Mimosa tenuiflora, Mimosa caesalpiniifolia, Caesalpinia ferrea e Tabebuia caraiba e dentre as exóticas foram Azadirachta indica e Pseudosamanea guachapele.

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Publicado

13-04-2015

Edição

Seção

Ciências Florestais