MORFOANATOMIA FOLIAR DE SENNA CANA (FABACEAE) EM UMA FLORESTA TROPICAL SAZONALMENTE SECA
DOI:
https://doi.org/10.1590/1983-21252021v34n116rcPalavras-chave:
Caatinga. Semiárido. Luz do sol. Tricomas. Xerófitas.Resumo
Em florestas tropicais sazonalmente secas, como a Caatinga brasileira, fatores como tipo de solo e luminosidade são conhecidos por causar alterações nos tecidos foliares que possibilitam a sobrevivência de espécies nesses locais. O presente estudo teve como objetivo descrever a morfoanatomia foliar de Senna cana e observar a plasticidade em tecidos foliares que recebem radiação de luz direta e indireta. O estudo foi realizado no Parque Nacional do Catimbau em Buíque, PE, Brasil. Amostras de folhas maduras foram coletadas sob plena luz do sol e plena sombra em três áreas com solos de cores diferentes. Lâminas histológicas foram preparadas para visualização das faces epidérmicas, estrutura foliar interna e testes histoquímicos. A plasticidade foi notada no tipo de tricoma que recobriu as faces epidérmicas, e no número de camadas dos parênquimas paliçádico e esponjoso, mesmo sob efeito indireto da radiação. Compostos fenólicos e lipídios também apresentaram plasticidade. Esses resultados demonstram que Senna cana é uma espécie com alta plasticidade para o fator de luminosidade. Além disso, percebeu-se que a luz indireta também promove alterações anatômicas e deve ser considerada em análises futuras.
Downloads
Referências
ALCOFORADO-FILHO, F. G. et al. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasílica, 17: 287-303, 2003.
ARAÚJO, F. S. et al. Floristics and life-forms along a topographic gradient, central-western Ceará, Brazil. Rodriguésia, 62: 341-366, 2011.
ARAÚJO FILHO, J. C. et al. Solos da Caatinga. In: CURI, N. et al. (Eds.). Pedologia: solos dos biomas brasileiros. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2017. cap. 5, p. 227-260.
ASHRAF, M. A. et al. Environmental stress and secondary metabolites in plants: an overview. In: AHMAD, P. et al. (Eds.) Plant metabolites and regulation under environmental stress. London, UK: Academic Press, 2018. p. 153-167.
BARROS, I. O.; SOARES, A. A. Adaptações anatômicas em folhas de marmeleiro e velame da caatinga brasileira. Revista Ciência Agronômica, 44: 192-198, 2013.
BOEGER, M. R. T.; GLUZEZAK, R. M. Adaptações estruturais de sete espécies de plantas para as condições ambientais da área de dunas de Santa Catarina, Brasil. Iheringia. Série Botânica, 61: 73-82, 2006.
CALVETE, E. O. et al. Análises anatômicas e da biomassa em plantas de morangueiro cultiva-das in vitro e ex vitro. Horticultura Brasileira, 20: 649-653, 2002.
COSTA, G. M. et al. Variações locais na riqueza florística em duas ecorregiões de caatinga. Rodriguésia, 66: 685-709, 2015.
DICKISON, W.C. Integrative plant anatomy. New York: Academic Press, 2000. 533 p.
FAHN, A.; CUTLER, D. I. Xerophytes. Berlin: Gebrüder Broentaeger, 1992. 176 p.
FAN, X-X. et al. Effects of light intensity on the growth and leaf development of young tomato plants grown under a combination of red and blue light. Scientia Horticulturae, 153: 50–55, 2013.
FIGUEIREDO, K. V. et al. Changes in leaf epicuticular wax, gas exchange and biochemistry metabolism between Jatropha mollissima and Jatropha curcas under semi-arid conditions. Acta Physiologiae Plantarum, 37: 1-11, 2015.
GERLACH, D. Botanische Mikrotechnik. Stuttgart: Georg Thieme Verlag, 1984. p. 311 p.
GOMES, P. A. et al. Influência do sombreamento na produção de biomassa, óleo essencial e quantidade de tricomas glandulares em cidrão (Lippia citriodora Lam.). Biotemas, 22: 9-14, 2009.
GOMES, P.; ALVES, M. Floristic diversity of two crystalline rocky outcrops in the Brazilian northeast semi-arid region. Brazilian Journal of Botany, 33: 661-676, 2010.
GUERFEL, M. et al. Impacts of water stress on gas exchange, water relations, chlorophyll content and leaf structure in the two main Tunisian olive (Olea europaea L.) cultivars. Scientia Horticulturae,119: 257-263, 2009.
GUERRA, A.; SCREMIN-DIAS, E. Leaf traits, sclerophylly and growth habits in plant species of a semiarid environment. Brazilian Journal of Botany, 41: 131-144, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Mapa de biomas do Brasil, primeira aproximação. Rio de Janeiro: 2004.
IZAGUIRRE, M. M. et al. Solar ultraviolet-B radiation and insect herbivory trigger partially overlapping phenolic responses in Nicotiana attenuata and Nicotiana longiflora. Annals of Botany, 99: 103-109, 2007.
JOHANSEN, D. A. Plant Microtechnique. New York: McGraw-Hill Book Co., Inc., 1940. 523 p.
KARABOURNIOTIS, G. et al. Protective and defensive roles of non‑glandular trichomes against multiple stresses: structure–function coordinat. Journal of Forestry Research, 31: 1-12, 2020.
KIM, G. T. et al. Photomorphogenesis of leaves: shade-avoidance and differentiation of sun and shade leaves. Photochemical & Photobiological Sciences, 4: 770-774, 2005.
KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro: EDUR, 1997. 198 p.
LEITE, A. M.; LLERAS, E. Ecofisiologia de plantas da Amazônia. I Anatomia foliar e ecofisiologia de Pogonophora schomburgkiana Miers. (Euphorbiaceae). Acta Amazonica, 8: 365-370, 1978.
LI, S. et al. Glandular trichomes as a barrier against atmospheric oxidative stress: relationships with ozone uptake, leaf damage, and emission of LOX products across a diverse set of species. Plant, Cell & Environment, 41: 1263-1277, 2018.
LIMA, A. L. A. et al. Do the phenology and functional stem attributes of woody species allow for the identification of functional groups in the semiarid region of Brazil? Trees, 26: 1605–1616, 2012.
LOPES-SILVA, R. F. et al. Composição florística de um inselberg no semiárido paraibano, nordeste brasileiro. Rodriguésia, 70: 1-14, 2019.
LOPRESTI, E. F. Chemicals on plant surfaces as a heretofore unrecognized, but ecologically informative, class for investigations into plant defence. Biological Review, 91: 1102-1117, 2015.
MACHADO, W. J. et al. Floristic composition in areas of Caatinga and Brejo de Altitude in Sergipe state, Brazil. Check List, 8: 1089-1101, 2012.
MONTEIRO, J. A. Estudo químico e farmacológico de Senna cana H.S. Irwin & Barneby. 2012. 106 f. Dissertação (Mestrado em Química Orgânica) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.
NOVAIS, J. W. Z. et al. Variação espaço-temporal da par refletida pelo solo e transmitida pelo dossel em floresta inundável no pantanal mato-grossense.Ciência Florestal, 28: 1502-1513, 2018.
PARISI, A. V. et al. A study of the total ultraviolet exposure 19 to all the leaves for small plant growth. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology, 45: 36-42, 1998.
PRADO, D. As Caatingas da América do Sul. In: LEAL, I. R. et al. (Eds). Ecologia e conservação da Caatinga: uma introdução ao desafio. Recife, PE: Editora Universitária da UFPE, 2003. v. 1, p. 3-73.
PURVIS, M. J. et al. Laboratory techniques in botany. Washington, D.C.: Butterworth, 1964. 317 p.
QUESADA, M. et al. Succession and management of tropical dry forests in the Americas: review and new perspectives. For Ecol Manag, 258: 1014–1024, 2009.
ROCHA, P. L. B. et al. Plant species and habitat structure in a sand dune field in the Brazilian Caatinga: a homogeneous habitat harbouring an endemic biota. Brazilian Journal of Botany, 27: 739-755, 2004.
RODAL, M. J. N. et al. Levantamento quantitativo das plantas lenhosas em trechos de vegetação de caatinga em Pernambuco. Revista Caatinga, 21: 192-205, 2008.
RODRIGUES, I. M. C. et al. C. Anatomy and histochemistry of Senna alata leaves. Planta Daninha, 27: 515-526, 2009.
SANTANA, J. A. S. et al. Estrutura e distribuição espacial da vegetação da Caatinga na Estação Ecológica do Seridó, RN. Pesquisa Florestal Brasileira, 36: 355-361, 2016.
SANTOS, H. G. et al. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3. ed. Brasília, DF: Embrapa, 2013. 353 p.
SANTOS, P. S., et al. Diferenças sazonais no aporte de serrapilheira em uma área de caatinga em Pernambuco. Revista Caatinga, 24: 94-101, 2011.
SANTOS, M. G. et al. Caatinga, the Brazilian dry tropical forest: can it tolerate climate changes? Theoretical and Experimental Plant Physiology, 26: 83-99, 2014.
SASS, J. E. Botanical microtechnique. Ames, Iowa: Iowa State College Press, 1951. 228 p.
SCHLICHTING, C. D. Phenotypic plasticity in plants. Plant Species Biology, 17: 85-88, 2002.
SILVA, M. C. L. et al. Compostos fenólicos, carotenóides e atividade antioxidante em produtos vegetais. Semina: Ciências Agrárias, 31: 669-682, 2010.
YANG, J. et al. Induced accumulation of cuticular waxes enhances drought tolerance in Arabidopsis by changes in development of stomata. Plant Physiology and Biochemistry, 49: 1448-1455, 2011.
YOO, C. Y. et al. The Arabidopsis GTL1 transcription factor regulates water use efficiency and drought tolerance by modulating stomatal density via transrepression of SDD1. Plant Cell, 22: 4128-4141, 2010.
ZHAO, B. et al. UV-B promotes flavonoid synthesis in Ginkgo biloba leaves. Industrial Crops and Products, 151: 112483, 2020.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os Autores que publicam na Revista Caatinga concordam com os seguintes termos:
a) Os Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons do tipo atribuição CC-BY, para todo o conteúdo do periódico, exceto onde estiver identificado, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista, sem fins comerciais.
b) Os Autores têm autorização para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Os Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).