FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE UM AMBIENTE TRANSICIONAL CAATINGA-MATA ATLÂNTICA

Autores

  • Adriana Carrhá Leitão Instituto Nacional do Semiárido
  • Walter Alves de Vasconcelos Instituto Nacional do Semiárido
  • Arnóbio de Mendonça Barreto Cavalcante Instituto Nacional do Semiárido
  • Leonardo Bezerra de Melo Tinôco Instituto Nacional do Semiárido
  • Vania da Silva Fraga Programa de Pós-graduação em Ciências do Solo/UFPB

Palavras-chave:

Ecótono. Restinga. Estrutura vegetacional.

Resumo

As feições vegetacionais da porção litorânea do Estado do Rio Grande do Norte se apresentam como ambiente transicional entre os biomas Caatinga e Mata Atlântica. Sendo uma área onde domínios fitoecológicos distintos se justapõem e interpenetram, guardam suas próprias características ecológicas. Como não há grandes aglomerações humanas e, tão pouco, atividades agrícolas ou pecuárias de destaque, prevalece um cenário natural quase intocado. Por causas dessas características, este trecho do litoral vem sendo alvo de fortes especulações imobiliárias. Esse trabalho teve como o objetivo realizar um estudo florístico e estrutural de ecótono, visando contribuir para sua conservação e uso sustentável. Para o estudo florístico foi utilizada toda a área (300 ha) e o método adotado foi o caminhamento. Para o inventário foi extraída amostra intencional de uma área de aproximadamente 60 hectares, onde se aplicou o método de parcelas, demarcando 100 parcelas contíguas de 100 m2. Os parâmetros fitossociológicos foram calculados por meio de software específico. A florística registrou 108 espécies, distribuídas em 91 gêneros e 49 famílias. Para o levantamento fitossociológico foram amostrados 1960 indivíduos, compreendendo 31 espécies, distribuídas em 27 gêneros e 22 famílias botânicas. A família mais importante foi a Myrtaceae. As espécies mais abundantes foram Psidium oligospermum, Eugenia luschnathiana e Pilosocereus catingicola e as espécies ameaçadas de extinção Aspilia procumbens, Cattleya granulosa e Melocactus violaceus. Observou-se tanto espécies de caatinga quanto de mata atlântica, fortalecendo a idéia de ecótono.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA JR., E. B.; ZICKEL, C. S. Análise fitossociológica do estrato arbustivo-arbóreo de uma floresta de restinga no Rio Grande do Norte. Revista Brasileira Científica Agrária, Recife, v. 7, n. 2, p. 286-291, 2012.

ALMEIDA JR, E. B.; ZICKEL, C. S. Fisionomia psamófila-reptante: riqueza e composição de espécies na Praia da Pipa, Rio Grande do Norte, Brasil. Pesquisas Botânica, São Leopoldo, v. 60, p. 289-299, 2009.

ALMEIDA JR., E. B. et al. Structural characterization of the woody plants in resting of Brazil. Journal of Ecology and the Natural Environment, v. 3, n. 3, p. 95-103, 2011.

ALMEIDA, A. L.; ARAUJO, D. S. D. Comunidades vegetais do cordão arenoso externo da Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, Saquarema, RJ. Oecologia Brasiliensis, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p.47-63, 1997.

ANDRADE, K. V.; RODAL, M. J. Fisionomia e estrutura de um remanescente de floresta estacional semidecidual de terras baixas no nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 27, n. 3, p. 463-474, 2004.

ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP II (APG II). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnaean Society, v. 141, n. 4, p. 399-436, 2003.

ARAÚJO, D. S. D. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical Brazil: a first approximation. In: U. Seeliger (Org.). Coastal plant communities of Latin America. London: Academic Press, 1992. p. 337-347.

ARAÚJO, D. S. D.; LACERDA, L. D. A natureza da restinga. Ciência Hoje, São Paulo, v. 6, n. 33, p. 42-48, 1987.

BRASIL. Instrução Normativa n. 6 - 23 set. 2008. Lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. Brasília: MMA, 2008. 55 p.

CAMPANHA, M. M. et al. Estrutura da comunidade vegetal arbóreo-arbustiva de um sistema agrossilvipastoril, em Sobral – CE. Revista Caatinga, Mossoró, v. 24, n. 3, p. 94-101, 2011.

CANTARELLI, J. R. R. Florística e estrutura de uma restinga da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guadalupe - litoral sul de Pernambuco. 2003. 86 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2003.

Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas (CIENTEC). Sistema para análise fitossociológico e elaboração planos de manejo de florestas nativas. Viçosa, 2006. 295 p.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 2006. 306 p.

FILGUEIRAS, T. S. et al. Caminhamento - um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências, Salvador, v. 12, p.39-43, 1994.

FREIRE, M. C. C.C.; MONTEIRO, R. Florística das praias da Ilha de São Luís: Diversidade de espécies e suas ocorrências no litoral brasileiro. Acta Amazonica, Manaus, v. 23, n. 2-3, p. 125-140, 1993.

LAGOS, A. R.; MULLER, B. L. A. Hotspot brasileiro. Mata Atlântica. Saúde & Ambiente em Revista, Duque de Caxias, v. 2, n. 2, p. 35-45, 2007.

LAMÊGO, A. R. O homem e a restinga. 2. ed. Rio de Janeiro: Lidador, 1974. 307 p.

LANDRUM, L. R.; KAWASAKI, M. L. The genera of Myrtaceae in Brazil: an illustrated synoptic treatment and identification keys. Brittonia, Bronx, v. 49, n. 4, p. 508-536. 1997.

LIMA, E. Q. Vulnerabilidade ambiental da zona costeira de Pititinga, Rio do Fogo, Rio Grande do Norte. 2010. 116 f. Dissertação (Mestrado em Geodinâmica e Geofísica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.

MATIAS, L. Q.; NUNES, E. P. Levantamento florístico da Área de Proteção Ambiental de Jericoacoara, Ceará. Acta Botânica Brasílica, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 35-43, 2001.

MEDEIROS, D. P. W. et al. Estrutura do componente lenhoso de uma restinga no litoral sul de Alagoas, Nordeste, Brasil. Revista Brasileira de Geografia Física, Recife, v. 3, n. 3, p. 155-159, 2010.

MISSOURI BOTANICAL GARDEN. Disponível em <http://www.mobot.org>. Acesso em: 20 fev. 2013.

MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Wiley and Sons Inc. 1974. 547 p.

OLIVEIRA, A. C. P. Caracterização e composição florística de uma comunidade savânica no Rio Grande do Norte, Brasil: subsídios para uma conservação. 2011. 87 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento de Meio Ambiente) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011.

OLIVEIRA-FILHO, A. T. Gradient analysis of an area of coastal vegetation, State of Paraíba, Northeastern Brazil. Edinburgh Journal of Botany, Edinburgh, v. 50, p. 217-236, 1993.

OLIVEIRA-FILHO, A. T.; CARVALHO, D. A. Florística e fisionomia da vegetação no extremo norte do litoral da Paraíba. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 115-130, 1993.

PEIXOTO, A. L.; GENTRY, A. H. Diversidade e composição florística da mata de tabuleiro na Reserva Florestal de Linhares, Espírito Santo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 19-25, 1990.

QUEIROZ, E. P. Levantamento florístico e georreferenciamento das espécies com potencial econômico e ecológico em restinga de Mata de São João, Bahia, Brasil. Biotemas, Florianópolis, v. 20, n. 4, p. 41-47, 2007.

RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B.; FIGUEIREDO, M. A. Manual sobre métodos de estudos florísticos e fitossociológicos: ecossistema Caatinga. Brasília: Sociedade Botânica do Brasil, 1992. 24 p.

SANTOS-FILHO, F. S. Composição florística e estrutural da vegetação de restinga do Estado do Piauí. 2009. 124 f. Tese (Doutorado em Botânica) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2009.

SCHILLING, A. C.; BATISTA, J. L. F. Curva de acumulação de espécies e suficiência amostral em florestas tropicais. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 179-187, 2008.

SILVA, S. S. L.; ZICKEL, C. S.; CESTARO, L. A. Flora vascular e perfil fisionômico de uma restinga no litoral sul de Pernambuco. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 22, n. 4, p. 1123-1135, 2008.

SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificacão das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa: Instituto Plantarum, Nova Odessa, 2008, 640 p.

SOS MATA ATLANTICA. Disponível em <http://www.sosma.org.br>. Acesso em: 22 nov. 2012.

SUGUIO, K.; TESSLER, M. G. Planície de cordões litorâneos quaternários do Brasil: Origem e Nomenclatura. In: Lacerda, L. D. et al. (Org.). Restingas: Origem, Estrutura e Processos. Niterói: CEUFF, 1984. p. 15-25.

ZICKEL, C. S. et al. Flora e vegetação das restingas no nordeste brasileiro. In: ESKINAZI-LEÇA, E.; NEUMANN-LEITÃO, S.; COSTA, M. F. (Org.). Oceanografia: um cenário tropical. Recife: Bagaço, 2004. p. 689-701.

Downloads

Publicado

26-09-2014

Edição

Seção

Ciências Florestais