Discurso e memória: um olhar sobre a construção da imagem feminina nos materiais didáticos/escolares

Resumo

As instituições de ensino devem representar um espaço de quebra de qualquer tipo de preconceito, seja ele referente à cor, etnia, religião, sexualidade, deficiência (física, auditiva, visual, etc.) e/ou gênero (masculino/feminino). Essa conscientização, por parte do ambiente educativo, pode ter como aliados, não só os professores e funcionários da escola, mas também, os materiais didático-pedagógicos utilizados nas salas de aula. Dentre esses materiais, temos o Livro Didático (LD), que surge no Brasil no ano de 1929. O assunto referente às relações de gênero aparece nas escolas e nos materiais didáticos por meio dos temas transversais, que de acordo com os PCNs (2010), devem fazer parte do ambiente educacional. Isto fez com que nos despertasse o interesse de estudar como hoje, se materializam, por meio dos LDs, os discursos sobre as relações de gênero masculino/feminino, tendo um olhar mais atento para a concepção sobre o que é ser homem e o que é ser mulher, no ambiente escolar. Nesse sentido, esta reflexão tem como objetivo descrever/interpretar os vestígios da memória que constituem a imagem feminina no livro didático de Língua Portuguesa. A metodologia para esse estudo consiste na análise de um poema, juntamente com uma atividade de interpretação relativa a esse texto, presente no LDP Projeto Eco - v. 2, das autoras Vima Lia Martin e Roberta Hernandes Alves (2010), utilizado nas escolas da rede pública de ensino, para averiguar como os textos presentes no livro didático representam a mulher. Como fundamentação teórica nos utilizaremos das concepções de Foucault (2008), Pêcheux (2007) e Perrot (2013), entre outros autores. Observou-se, por meio dessa análise que a imagem da mulher, no livro didático de português, não aparece apenas de forma estereotipada, nos velhos moldes patriarcais, mas transformada, ocupando um espaço que antes não era seu e assumindo outros papéis nessa contemporaneidade.