AS 40 HORAS DE ANGICOS: VÍTIMAS DA GUERRA FRIA?
Resumo
As “40 horas de Angicos” foram realizadas num contexto de transição nacional marcado por movimentos sociais e políticos, e foram altamente influenciadas pela Guerra Fria. Apesar de realizada com o apoio da Aliança para o Progresso, a educação popular foi acusada pelos aliados do Pentágono de fazer parte de uma Campanha para implantar o comunismo na América Latina, a partir de Cuba, mascarando assim as reações nacionais que tinham um interesse bem mais concreto e indefensável. Tentavam manter seus privilégios, inclusive continuando a negar o direito de voto ao analfabeto. Afora os militares, não existia na época nenhum grupo armado que pudesse atuar na oposição ao Presidente João Goulart. Convidado pelo Governo do Estado, a participação direta de Paulo Freire foi decisiva para o sucesso da experiência inovadora, que apresentou resultados excepcionais, e ao mesmo tempo tornou conhecido o método de aprendizagem preconizado pelo renomado educador. O artigo acentua aspectos operacionais e práticos, destacando-se da maior parte da literatura sobre Paulo Freire, que se limita a valorizar os aspectos teóricos.
Palavras-chave: Paulo Freire. 40 horas de Angicos. Alfabetização. Aliança para o Progresso.
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Referências
FERNANDES, Calazans; TERRA, Antonia. 40 Horas de esperança: o método Paulo Freire: politica e pedagogia na experiência de Angicos. São Paulo: Ática, 1994. 223 p.
FREIRE, Paulo. Conscientização e alfabetização, uma nova visão do processo. Revista de Cultura da Universidade do Recife, Recife, n.4, abr./jul. 1963.
GUERRA, Marcos. Les racines culturelles de l’alphabetisation. In: Le Courrier de l´UNESCO, n. 2, p.6-8, Paris, 1984.
LYRA, Carlos. As Quarenta horas de Angicos: uma experiência pioneira de educação. São Paulo: Cortez, 1996. p. 158-164.