Efeito do Plasma Frio Atmosférico No Tratamento da Gengivoestomatite Crônica Felina: Achados Microscópicos do Estudo Piloto

Autores

  • Guilherme Ramon Vieira da Silva UFERSA
  • Carlos Eduardo Bezerra de Moura Departamento de Ciências Animias - UFERSA
  • Kilder Filgueira Dantas Hospital Veterinário Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia – HOVET/UFERSA
  • Marcela Maria de Almeida Amorim Hospital Veterinário Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia – HOVET/UFERSA
  • Francisco Joelson Correia de Freitas

Palavras-chave:

Plasma não-térmico, Odontologia Veterinária, Medicina Felina

Resumo

O Plasma Frio Atmosférico (CAP) pode ser definido como um gás ionizado capaz de produzir espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (ERONs), úteis em aplicações biomédicas, como desinfecção e modulação da cicatrização. A Gengivoestomatite Crônica Felina (GCF) é uma inflamação persistente da cavidade oral em felinos, caracterizada por dor intensa, úlceras e outros sinais debilitantes. O tratamento convencional envolve o uso de corticosteroides, imunossupressores, antibióticos e, principalmente, o manejo cirúrgico, incluindo extrações dentárias parciais ou totais, até mesmo de dentes saudáveis. Entretanto, estes tratamentos nem sempre são eficazes. Este trabalho objetivou avaliar histologicamente a eficácia da aplicação direta de CAP em combinação com tratamento periodontal no manejo da GCF. Participaram do estudo gatos diagnosticados com GCF (n=6), exceto os que estavam em terapia imunossupressora ou eram portadores de retroviroses. Os animais passaram por um protocolo experimental com tratamento periodontal (extração de dentes comprometidos, raspagem e polimento dentários) e três aplicações de CAP nas regiões da mucosa oral afetadas pela doença. O grupo experimental (GE | n=5) recebeu o CAP em intervalos de 7 dias, enquanto que o grupo controle (AC | n=1) recebeu apenas o tratamento periodontal. O CAP foi gerado por um fluxo de gás hélio (2L/min), potência de 2,4 mW, modo pulsado a 5 Hz e tensão de 127 a 230 V, durante 30 s/cm² de área afetada. Para as análises histopatológicas, amostras da mucosa oral foram coletadas antes (dia 0) e após (dia 35) o protocolo experimental e submetidas a processamento histológico padrão. Na análise histomorfométrica, baseada em fotomicrografias de 5 secções histológicas semi-seriadas (40x), mediu-se as densidades de volume de infiltrado inflamatório (Vvi), tecido conjuntivo (Vvc) e vasos sanguíneos (Vvs), além da altura do epitélio (μm) em cinco regiões aleatórias (10x). A partir dessas análises verificou-se regeneração epitelial e redução do infiltrado inflamatório após tratamento com CAP, sugerindo eficácia na modulação da resposta inflamatória e reestruturação da arquitetura tecidual, enquanto que no AC o epitélio permanecia ulcerado e com intenso infiltrado linfoplasmocitário. Na histomorfometria do grupo experimental constatou-se a redução do Vvi (GE - dia 0: 0,5045 ± 0,061; dia 35: 0,1634 ± 0,1414 | AC - dia 0: 0,5914 ± 0,19; dia 35: 0,5604 ± 0,1284) e aumento do Vvc (GE - dia 0: 0,2136 ± 0,0490; dia 35: 0,4093 ± 0,0785 | AC - dia 0: 0,1854 ± 0,181; dia 35: 0,1541 ± 0,0468), associado ao aumento da altura epitelial (GE - dia 0: 22,37 ± 17,082; dia 35: 72,85 ± 24,42 | AC - dia 0: 19,04 ± 3,05; dia 35: 23,72 ± 8,05). Os resultados indicam que o CAP pode ser uma alternativa viável na terapia combinada para o manejo inicial da GCF, apresentando efeitos positivos na redução da inflamação e na regeneração tecidual. Isso sugere um potencial para diminuir a necessidade de extrações de dentes saudáveis e tratamentos medicamentosos prolongados que podem causar graves efeitos colaterais.

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 1: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde: