AUMENTO DO RISCO DE ESCASSEZ HÍDRICA EM UM RESERVATÓRIO DA REGIÃO SECA BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.1590/1983-21252020v33n418rcPalavras-chave:
Bioma Caatinga. Bioma Cerrado. Gestão hídrica. Demanda hídrica. Assoreamento.Resumo
Este estudo avalia como o assoreamento aumenta o risco de escassez hídrica, considerando simultaneamente redução temporal da disponibilidade hídrica e aumento da demanda utilizando cenários de uso da terra e demanda hídrica na transição dos biomas Caatinga - Cerrado da bacia do reservatório Bocaina (102 hm3), na região seca brasileira. A metodologia seguida: assoreamento medido no reservatório 20 anos após a construção da barragem; variáveis climáticas obtidas de estação convencional (2005-2014); erodibilidade do solo avaliada usando 16 amostras de solo; topografia e cobertura do solo estimadas com base em 21 anos de imagens Landsat. Foram gerados: cenários de uso da terra (invariabilidade, degradação, preservação) com cenário climático derivado da variabilidade temporal da precipitação no Semi-árido; cenários de demanda hídrica (invariabilidade, maior eficiência), função da eficiência dos sistemas de irrigação utilizados. A disponibilidade hídrica calculada usando o Modelo VYELAS. Os resultados de campo (1985-2015) mostraram erosão bruta anual na bacia de 13,5 Mg·ha-1 com produção anual de sedimentos (1,7 Mg·ha-1) e assoreamento decadal do reservatório (1,0%) abaixo da média regional devido à baixa taxa de aporte de sedimentos (12,6%) na área. Os cenários projetados (2040) indicam demanda hídrica duplicando se os métodos de irrigação praticados não melhorarem e disponibilidade hídrica diminuindo (em até 10%), por assoreamento. Nesse caso, tem-se confiabilidade do suprimento hídrico abaixo do padrão recomendado (90%), independentemente do uso da terra. Todavia, a preservação do solo, simultaneamente com eficiência de irrigação melhorada, reduziria o risco decadal de escassez hídrica de 82% (pior cenário) para 17%.
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