A INTENSIDADE DA FLORADA DO CAFÉ ARÁBICA DEPENDE DO NÍVEL DE DEFICIT HÍDRICO APLICADO NO PERÍODO PRÉ-FLORADA
DOI:
https://doi.org/10.1590/1983-21252020v33n121rcPalavras-chave:
Coffea arabica. Floração. Irrigação. Trocas gasosas.Resumo
Floradas desuniformes traduzem-se em desigualdade na maturação dos frutos, comprometendo a eficiência de colheita e a qualidade do café. Objetivou-se neste trabalho determinar o nível de deficit hídrico para a quebra de dormência das gemas de Coffea arabica, e seus efeitos sobre as trocas gasosas, os teores de pigmentos fotossintéticos, a produtividade e a uniformidade de maturação dos frutos. Após 18 meses de cultivo em vasos de 200 L, em casa de vegetação, suspendeu-se a irrigação, em plantas que apresentavam no mínimo 60% dos botões florais no estádio E4. Após cinco grupos de seis plantas cada atingirem os potenciais hídricos foliares de antemanhã (Ψwpd) iguais a -0,04, -0,65, -1,43, -1,96 e -2,82 MPa, mediram-se as trocas gasosas do cafeeiro e coletaram-se discos foliares para quantificação de pigmentos, retornando-se, em seguida, a irrigação. A porcentagem de flores (ou intensidade da florada) aumentou com a redução do Ψwpd segundo o modelo Y=67,064+20,660*ln(-Ψwpd). As trocas gasosas do cafeeiro foram fortemente afetadas pelos níveis de deficit hídrico, sem, contudo, verificarem-se reduções nos teores de pigmentos fotossintéticos. A produtividade do cafeeiro não foi afetada, mas a porcentagem de grãos cereja foi ligeiramente maior sob deficits mais severos. O nível de deficit hídrico aplicado no período pré-florada determinou sua intensidade em café arábica.
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